sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Falácias de Alices (III)

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Para onde vai o lucro?





Já abordamos as questões referentes a meu argumento de que lucro no tempo e o caixa ser fato. Como acertou em grande parte Ricardo, o lucro mostra-se como um resíduo.

Mas por fim, para onde vai o "maldito" lucro? Se a acumulação de riqueza se der em dinheiro, liquidez, se dará em bancos, pois apenas os delirantes guardam seus valores no colchão, ainda que certos corruptos, como já assisti, guardem até em gavetas da pia do banheiro, e como já assistimos, antes disso os transportem nas peças de roupas íntimas.

Se esta acumulação for transformada em bens e serviços, irá para alguém, em direta transferência de riqueza e até em novo lucro, pois a acumulação de riqueza sempre transforma-se no consumo em novos bens e paga novos trabalhadores. Quando acumulada em bancos, a acumulação de riqueza vira crédito, seguindo a brilhante constatação de Keynes da identidade entre poupança e investimento.

Aqui surge a falácia clássica das Alices, pela argumentação linear simplória dos marxistas, de que o valor que eu temporariamente apreendo (e sempre tal é temporário) "sai de", origina-se em  alguém - o "explorado proletário" - e em outro previlegiado alguém - o "capitalista nefasto" - morre e se finda, vindo somente a ser gerada lá no explorado trabalhador, pela falácia basal do "valor trabalho", enquanto é obvio que na realidade a economia é uma teia extremamente complexa de circulação de valores.

No popular: Dinheiro é redondo, rola para um lado, rola para outro.

Lembrando: se a valoração de um bem ou serviço não advém somente da mão de obra, então o capital não se gera a partir de uma apropriação de trabalho.

Exemplo: um entalhador de madeira confecciona um objeto, que custa inicialmente apenas pelo seu próprio trabalho, mas independente de apropriar-se de qualquer custo "valor trabalho" de um trabalhador, acrescenta sobre tal objeto um valor necessitado ou pretendido, desde que seja pago em virtude dos desejos e aceitação do mercado.

Assim, o tosco banquinho de R$ 10,00, desconsiderando mesmo qualquer custo de sua madeira, pregos, cola, verniz, ferramentaria necessária, pode ganhar, por cuidadosos entalhes, um adicional de valor que o leve a valer para o mercado R$ 20,00.


Para Alices, bem algum, serviço algum, pode acrescentar valor ao seu custo, mesmo quando exercido ou produzido por trabalhador autônomo, e após seu valor ser apreendido pelo trabalhador ou empresário, este valor some do econômico.

Aqui, Alices desonestas intelectuais (quase um pleonasmo) afirmarão que o entalhe é trabalho e portanto, do trabalho advém o valor, e eu destruirei tal argumento dizendo rapidamente que o entalhe pode ser substituído por verniz aplicado pelo mesmo trabalho anterior (com um verniz inferior ou mal aplicado), sem entalhe algum, que eleve o valor do banquinho, pelo brilho obtido, para R$ 30,00 , mostrando de forma banal que mesmo para volumes de trabalho iguais, podem-se obter valores de mercado - o banal preço - diferentes.

Como já afirmamos, Alices são presas à visão vitoriana de um capitalismo selvagem onde criancinhas trabalhavam 14 horas por dia e dormiam no inverno sob as fornalhas dos fornos das fábricas, e por cima desta mitologia terrível, afirmam que se não for neste sistema, banquinho algum pode ter seu valor gerado elevado, ter valor agregado, mesmo quando mostramos num exemplo simples em que nem mesmo trabalhador explorado algum é necessário para a formação de valor e muito menos, nesta, a geração de lucro.


Dos pecados do passado, nas anomalias da economia, buscam e fixam-se as Alices, em sua pregação infantil sobre os males do capitalismo. (jessefrancis.com).



L=m/C

A falácia de uma equação sem nexo





Marxistas afirmam que o "lucro" (percebam as aspas) é igual a "'mais-valia' dividido pelo capital". Tomemos esta tonteira teórica por hora, e mesmo esta bobagem ficando atravessada na garganta, a suportemos e analisemos o conteúdo desta afirmação dentro da pregação marxista, e vejamos se suas conclusões possuem mínimo nexo.
Para não contrariarmos algumas definições que até já fizemos, chamaremos o L acima de "lucrabilidade marxista", que se expressaria como igual a mais-valia dividida pelo capital acumulado (dentro da visão marxista, mais que confusa, basta dizer-se 'capital').
A afirmação marxista é que C, sendo apropriação acumulativa de m, fará com que L tenda a zero, e obviamente, antes disso, o capitalismo colapsará.
A afirmaçao é falsa já pelas suas variáveis, pois m não é uma apropriação de um valor do trabalho, nem muito menos, diretamente, a origem exclusiva da lucrabilidade e inclusive, dela nem depende, como já vimos.

O lucro não é a explicação, causa ou fundamento das decisões e comportamento da empresa, mas o teste da sua validade. - Peter Drucker





Mas podemos fazer mais análises, destruindo esta argumentação marxista.

Se m é a apropriação do trabalho, forcemos o argumento, e tal se dá permanentemente enquanto existir a "exploração", a acumulação de C continuará permanentemente ocorrendo, e L apenas tenderá, igualmente permanentemente, a zero, e jamais colapsará o capitalismo, enquanto recursos que possam sustentar tal fluxo existirem, e  aqui podemos apenas citar a natureza, momentânea e primordialmente, e posteriormente, a reciclagem dos materiais, a reposição das reservas vegetais e animais, pois ao que parece, desde que o mundo é mundo, não esgotamos as vacas, nem tampouco os grãos de trigo, mesmo com nossa crescente população, em milhares de gerações.

O que acima se apresenta é que mesmo se a argumentação da exploração do valor trabalho dos marxistas está correta, esta não necessita se esgotar, pois como o trabalho é exercido, e percebe-se banalmente isto, sobre as vacas e o trigo, e estes se renovam, este pode ser explorado permanentemente, "eternamente", e apenas gerará mais e mais capital a se acumular, pelo menos aqui, a princípio, pois veremos que nisso já reside outra falsa premissa.

A premissa falsa está em que o lucro, na verdade, é o mesmo dentro da argumentação marxista, que a própria mais valia, e não a razão entre ela e o capital. Assim, e banalmente já vimos isto por outras simples vias, o L acima é apenas uma razão entre o C acumulado e m, e o verdadeiro lucro seria a apropriação de m em cada ciclo, fluxo, a mais valia, a se acumular em C.

Minha conclusão: Marx era desgraçadamente ruim em Álgebra.




Como dizemos e mostramos, lucro muitas vezes é apenas um saldo (resíduo). Aqui, curiosamente, os marxistas esquecem que os serviços sempre são necessários e os bem depreciam, degeneram, ou são consumidos por sua própria natureza, como os alimentos ou os produtos de higiene, ou qualquer bem consumível, como os medicamentos ou os reagentes de análises clínicas, dos quais a população não pode prescindir, ou mesmo trivial papel higiênico, como lembrado por algum estudante gaiato de primeiros semestres de Economia, ao tratar de "demandas elásticas e inelásticas", ou o clássico exemplo do sal de cozinha, dentre os mais recicláveis recursos da natureza.

Isto sem falar nos produtos culturais, quase esgotados em sua análise por Adorno, pois ao que também me parece, por exemplo banal, mais de 100 anos de cinema não esgotaram os filmes a produzir, e nem mesmo, os livros, milhares de anos de literatura.

Igualmente, fazem afirmação absurda ao dizer que o capital acumulado não seja mais uma vez reciclado em toda a cadeia produtiva, como se os palácios a serem construídos no maravilhoso e utópico mundo das Alices, além de durarem perfeitos pela eternidade, não precisassem de serviçais, e para sua construção, não fossem chamados trabalhadores nem tivessem de ser pagos os materiais de sua contrução. Além de todos os bens, pelo visto imóveis e de grande porte, serem imunes às tragédias naturais, como os terremotos, enchentes, etc.
Noutras palavras, como se "as partidas dobradas" das compras dos bens e dos pagamentos de serviços não significassem transferência do capital para outros atores do teatro econômico.


Para Alices, após construída, jamais qualquer obra necessitará manutenção, e se estancará a contínua circulação da riqueza.

Os marxistas tratam a equação com uma obscura divisão dentro do capital, em 'capital constante' e 'capital variável', como se um capital que seja gerado numa operação qualquer não seja variavel em cada ciclo de operação e um capital dito constante não se torne mesmo um prédio que não é fixo e imutável no tempo, nos negócios envolvidos numa empresa qualquer ou mesmo num estado. Igualmente, é sempre desconsiderado que uma tendência só pode ser estabelecida com a constância de variáveis, o que apresentei por diversas vias. Ref.: Marcelo Dias Carcanholo; Pretensões e Inconsistências da Crítica Neo-Ricardiana à Lei da Queda Tendencial da Taxa de Lucro - www.sep.org.br

Para um tratamento mais formal da chamada Lei da Queda Tendencial da Taxa de Lucro (LQTTL), recomendo:

Guilherme Statter; O teorema de Okishio - Alguns apontamentos avulsos - www.dotecome.com
José Murari Bovo; A Controvérsia Sobre a Lei de Tendência Decrescente da Taxa de Lucro; Perspectivas, São Paulo; 5: 89 - 96; 1982 - seer.fclar.unesp.br

Onde destaco:
Resumindo, a lei não se expressa de forma absoluta, na medida que junto às causas que a provocam surgem fatores que se contrapõe a sua queda. Desse modo, a lei geral se manifesta. geralmente, como uma simples tendência.

E para uma visão com críticas ao próprio teorema de Okishio em diversos pontos:

MALDONADO FILHO, Eduardo. Nova econ. [online]. 2009, vol.19, n.2 [cited  2010-12-23], pp. 361-369 . - www.scielo.br

Um ensaio sobre diversos temas dentro da Economia, em especial das afirmações marxistas em uma resenha do livro: Reclaiming Marxs Capital: a refutation of the myth of inconsistency de Andrew Kliman, e neste livro, em especial o teorema de Okishio, sobre o qual, destaco no texto de Eduardo Maldonado:

O que o teorema demonstra é que a adoção dessa nova tecnologia pelas demais empresas, se os salários reais permanecerem constantes, elevará a taxa geral de lucro de equilíbrio ou no máximo ela permanecerá constante.

Certa fabulosa família

Cunho a "fábula da família pintora de azulejos", para mostrar como o capitalismo, por mais concentrador que tenha sido, jamais inibiu o empreendedorismo.

Pode-se supor uma centenária família de escravos do Império Romano que produzia azulejos (ou o similar tecnológico da época, não sejamos preciosistas). Esta explorada ao limite família, aprendendo seu ofício, adquiriu técnicas preciosas. Com a queda do Império Romano, continuou aperfeiçoando seu ofício durante a Idade Média, e então, numa corporação de ofício, marchou para se tornar a magnífico casa de cerâmicas da Idade Moderna, a indústria poderosa com milhares de operários da Revolução Industrial, com a típica exploração até muito bem descrita por Marx.


Navegar é preciso, mas talvez azulejar seja desejado.

Mas o que Marx erra em sua análise é que ao primeiro derramar de sal do pobre almoço, junto com determinado pigmento, certo trabalhador descobre uma nova coloração exclusiva, e com tal conhecimento, desenvolve uma nova indústria com tal segredo, em escala artesanal, em cidade distante, e um novo ciclo de geração de riqueza pela adição de valor recomeça, independe da exploração de quem quer que seja, pois por maior que seja a exploração, é impossível deter o empreendedorismo do humano, pela sua própria ambição (quando não fomentada por outro capitalista terrível, sempre a espreita para avançar sobre novo mercado).

E retornando aos primeiros momentos desta fábula, o contexto externo muda, alterando as maiores variáveis, e rompe com o que poderia ser descrito como um cenário onde se dá o que as Alices definem como "exploração do proletariado", pois inclusive, os senhores se alteram e se alternam. Logo, aqui percebemos que elas também aplicam uma análise por demais linear do multifiligranado que são os processos históricos, mesmo que independentemente de que seus sonhos de economias planificadas não se sustentem.

Claro que Alices perguntarão porque raios este azulejo de diferente tom atrairá alguém. Com a resposta, uma autoridade no tema:

A economia de mercado tem sido denominada democracia dos consumidores, por determinar através de uma votação diária quais são suas preferências. - Ludwig von Mises


Nota: Para ilustrar com algo real e parecido, o sistema quase prisional dos mestres vidreiros de Veneza, da ilha de Murano, jamais conseguiu impedir realmente o desenvolvimento de outras indústrias de vidro e cristal, como a austríaca e a finlandesa. Coisa alguma prmovida pelo humano consegue deter o empreendedorismo, mesmo originado na espionagem industrial.



A ambiciosa classe trabalhadora

Mas retornando, ainda dentro das definições desconexas do até mesmo contábil do marxismo, a razão L não necessita diminuir permanentemente, pois a m, sendo correspondente ao "roubo do valor do trabalho", também pode aumentar, pelo aumento da população, o aumento do número de trabalhadores, e mais que tudo, pelo próprio aumento do mesmo "valor roubado".


É a própria classe trabalhadora, sobre os valores fluidos dos custos e preços, que faz com que a própria dita "mais-valia" aumente, e conjuntamente, aumente também os ganhos dos "capitalistas", que podem, inclusive, ser os próprios "explorados trabalhadores".

Explico: se o "valor roubado" é hoje de 1 em cada 5 que teria de ser pago, nada impede que amanhã passe a ser 2, pelo simples e banal fato que alguém aceite receber 3 pelo mesmo trabalho. Claro que aqui, marxistas vão alegar que a classe trabalhadora não poderá permanentemente receber menos.
O que respondemos banalmente dizendo: Claro que não! Pois a "luta da classe trabalhadora" a conduzirá a manter sempre o valor de seu trabalho aumentando ou se repondo, reconduzindo o "valor roubado" a permanecer em crescimento, até pelo aumento do preço que o trabalho recebe como remuneração. Aqui, apresentemos que então, 2 será "roubado" de 6, ou ainda, 3 de 7, e assim por diante, mantendo a mesma relação de 1 para 5, restando 4 para o pobre trabalhador se alimentar e outras mínimas coisas da humana sobrevivência.

Observação prevendo surtos de falácias de Alices: Evidentemente esta espiral de custos/preços crescentes não poderá se manter, daí a tendência ao equilíbrio, mesmo após uma redução que mostra-se permanente dos custos, até pelos ganhos de escala. Evidentemente que a escala também não poderá se manter crescente indefinidamente, assim como os custos não poderão tender obviamente a zero. Por isso, não tardará o equilíbrio entre o natural, o laboral e o capital. Mas este ponto, que abordamos "aos farelos", trataremos adiante, mostrando que o limite do equilíbrio, em especial nos custos e nos recursos, está exatamente no ecológico.

Óbvio que Alices esquecem que exatamente as nações mais antigas no capitalismo, desde o tempo que as suas tolices teóricas nasceram, são exatamente as que melhor remuneram seus trabalhadores, e onde estes tem mais sólidos direitos. Como digo, ironizando, "um pequeno detalhe".
Como sempre, as relações capital trabalho tenderão a se harmonizar, um produzindo o outro enquanto o outro permite a existência do primeiro. Pois também Alices esquecem que até mesmo a pá de um trabalhador, mesmo que trabalhe para si, é capital.

Nota:

Claro que esquecendo o "pequeno detalhe" que trabalhadores, ganhando mais, continuarão a jogar capital no sistema, consumindo bens (aquelas coisas que não são eternas, como maçãs, trigo e vacas, e até mesmo os mais sólidos fortes militares), pode-se contruir modelos matemáticos coerentes com as falsas premissas que limite esta circulação e apenas considere a acumulação monodirecionada. Nesta circulação, pouco interessa que técnicas novas façam a confecção de tapetes por crianças se tornar obsoleta e mais que isso, inviável. Pouco interessa que não se use mais telégrafos por fio para as comunicações. Pouco interessa que não se produza mais brinquedos de lata e agora, apenas de plásticos, em injetoras robotizadas operadas por apenas um técnico muito bem pago. Exatamente por estas obviedades, o desenvolvimento de novas técnicas não implica na redução do lucro nem muito menos na geração e circulação, e desta a distribuição de riqueza. Tais modelos incompletos estão fadados a serem apenas mais alguns modelos inadequados frente ao econômico real. Ver, por exemplo: Eleutério F. S. Prado; GERAÇÃO, ADOÇÃO E DIFUSÃO DE TÉCNICAS DE PRODUÇÃO − UM MODELO BASEADO EM MARX - http://www.econ.fea.usp.br/
Outros procuram associar este raciocínio sobre falsas premissas com o processo inflacionário, o que não é de forma alguma verdade, pois a valoração em uma moeda qualquer não relaciona-se diretamente com o valor "universal" que determinada sociedade atribui a uma moeda. Como exemplo simples, pode-se dizer que um trabalhador trabalhará por um saco de batatas por dia, e pouco interessa se em euros este saco valha hoje 1 e amanhã 2. O que interessa é que ele receberá em sacos de batatas, e poderá perfeitamente lutar para que receba a partir de determinada data 2 sacos de batatas por dia de trabalho. Ref.: Alain Lipietz; MOEDA CRÉDITO: UMA CONDIÇÃO QUE PERMITE A CRISE INFLACIONÁRIA; Ensaios FEE, Porto Alegre, 7(2j:51-68, 1986


Quanto mais se tem, mais se ganha


Outra falácia é que a medida que a escala econômica cresce os ganhos dos proprietários crescem na mesma proporção.





Demonstra-se isto como falacioso de maneira simples. O dono de uma padaria, por exemplo, de faturamento mensal que podemos considerar de 100 mil, dificilmente granhará mais de 10 mil de pró-labore, e acredito, que mesmo um tanto mal administrada, não ganharia menos de 1000, o que dá de 1 a 10% de pró-labore.

Já o proprietário de uma metalúrgica, novamente apenas como exemplo, com faturamento mensal de 10 milhões, dificilmente terá ganhos mensais superiores a 100 mil, que corresponde a 1%, e mesmo com ganhos de 500 mil, duvido que entrevistando 100 donos de empresas deste porte, dificilmente acharemos alguém que corrobore este dado, e ainda sim, não chegará aos 5% de ganhos sobre o valor do faturamento.

Nota importante: com todas as rúbricas, especialmente as tributárias e para a felicidade de Alices relutantes, previdenciárias e trabalhistas, plenamente creditadas. Noutros termos, mais simples, "pagando todas as contas".

No caso de uma empresa de grandíssimo porte, com faturamento de bilhões, dificilmente encontraremos proprietário com ganhos de mais de 1 % do faturado, até pelo fator do "dilema da empresa de uma libra", que daria, para 1 bilhão, algo como 10 milhões. Os maiores executivos das maiores empresas tem ganhos de no máximo 100 milhões, e intimamente ligados à competência no exercício de suas funções, sendo, portanto, por estrita definição, "proletários".

Os maiores acionistas já seriam premiados com lucros, que passariam pelo crivo da boa administração e contabilmente, para grandes corporações, são merecedores de valores anuis, de digamos, 30%, mesmo nestes altos valores, resultam na colocação de capital em investimento, como visto, igualmente no "dilema da empresa de uma libra".
Como exemplo ilustrativo, as maiores empresas do mundo possuem alta pulverização de sócios, como a Exxon, com a original família controladora, os Rockefeller, controlando algo próximo de 2% do capital (não isto em lucros, obviamente).

Para este ponto, o básico do básico: Teoria da Firma, ou mais especificamente Diminishing returns.

Para ir-se muito mais fundo nestas questões:

Luciano Dias de Carvalho; José Luís Oreiro; A dinâmica da taxa de lucro, da taxa de juros e do grau de utilização da capacidade produtiva em um modelo pós-keynesiano; Estud. Econ. vol.37 no.4 São Paulo Oct./Dec. 2007; doi: 10.1590/S0101-41612007000400008 



O lucro como roubo


O que Alices devem supor que faz aquele que acumula capital.


A falácia também está em que o lucro só se estabelece no longo prazo, pois nunca sabemos quando as reservas serão necessárias e consequentemente gastas e somente pode ser imposto ao mercado sob monopólios e oligopólios, e este, pela própria pressão da população, do estado que a representa, e com a ausência do próprio mercado pretensamente concorrente (aqueles que não entenderam este último ponto, experimentem vender qualquer coisa ao dobro do preço da concorrência).

Preço, após estabelecido, é o valor pretendido com o qual vai se enfrentar um mercado.

Sempre alguma empresa quer expandir seus ramos de atividade, e os valores colocados a maior como preço ao mercado podem gerar lucros tentadores a quem coloque-se como novo jogador em tal mercado, com um pequeno diferencial a menor em custos - Kirzner e von Mises tratam disto brilhantemente.

Economia do Indivíduo: O Legado da Escola Austríaca

Por uma via mais simples, novamente, ao final de todo processo, lucro não se impõe, lucro resulta, a não ser nos anômalos casos de monopólios e oligopólios, e estes, paradoxalmente são muitas vezes, mantidos pelo marxista conceito de um estado economicamente ativo no mercado, ou estatizante, evitemos redundâncias, e não controlador das iniciativas liberais, assim como punidor dos desequilíbrios quando no tratamento da massa de trabalhadores/consumidores - aqui, sempre existe uma identidade, um tanto oculta na argumentação das Alices.

Aqui, vale citar a ironia:

A diferença entre as empresas privadas e estatais é que o estado só controla as primeiras.

Como o estado, ainda mais o brasileiro, mostra-se sempre necessitado de dinheiro, vale citar também:
Em tua vida, não tentes dar conselho a quem precisa de dinheiro. - Pedro Calderón de la Barca (1600-1681)



Extras


1)

Juro que quanto mais leio sobre o "trem bala", mas me irrito, e começo a levantar pesadas suspeitas de que tudo não passe de um enorme truque, uma cortina de fumaça, visando esconder um conjunto de gordas comissões, tal a insanidade de algumas questões.

Chego a esta conclusão que o objetivo seja uma atividade de pura corrupção dada a falta de nexo de diversos pontos, e acredito que os valores serão "capturados",  seja pelos meios e nos valores que forem, com o foco nos custos de onde se "possa tirar algum" no próprio planejar, no "debater" (os inúmeros encontros e reuniões), e até nas sondagens, avaliações, medições e estudos envolvendo o delírio... perdão, projeto. Temos de dar graças se não aparecer uma maquete de milhões e milhões, como no caso de nosso lendário submarino nuclear.
Assim, sou obrigado a retirar acréscimos que fiz ao artigo original sobre o tema e passá-los para cá, para manter a leitura sobre isso minimamente coerente (coisa que o dito projeto não é).


a)

Relatório da área técnica do Tribunal de Contas da União aponta como impossível estabelecer-se quanto custará o projeto entre São Paulo e Rio, devido a estudos geológicos para a obra apresentarem-se insuficientes, com a realização de apenas 4,4% da quantidade mínima de sondagens necessárias às estimativas para o custo da obra.


b)

A construção de linhas de transmissão de energia elétrica não foi prevista no estudo para a aprovação da viabilidade do trem-bala, propiciando com isto um corte no custo de pelo menos R$ 1 bilhão, em um total de R$ 33,1 bilhões. Tal questão foi apontada por um dos grupos interessados no projeto durante os recentes pedidos de esclarecimento ao edital.

Soma-se à falta de linhas de transmissão de energia  a questão apontada por estudo de Marcos Mendes, consultor legislativo do Senado, mostrando que foi excluída a reserva de contingência do projeto, que em projetos de grande porte, podem representar até 30% do valor do projeto.[NOTA 1]

Dimmi Amora; Edital omite custo de energia do trem-bala; Folha de São Paulo

Tais fatos me levaram a acrescentar outro aforismo no Twitter:
  • A velocidade teórica do pretendido trem bala só é superada pela sua produção de micos.

c)

Mas não contente com tais tropeços, leio que o teto do valor do projeto - que ganhou o brasileiro nome de TAV - é colocado em R$ 33 bilhões, e nisto, se confunde com o preço estimado da passagem, colocado em R$ 0,49 por quilômetro (US$ 0,27/km), maior que a do Japão, com sua gorda renda per capita, em US$ 0,25/km.

Quem raios pagará por tais passagens?

Primeiro: o valor de um projeto pouco interessa no custo de seu serviço ou operação, e sim, relaciona-se até com o tempo em que dará retorno, e disto, sua viabilidade. Exemplifico com caso simplíssimo que discuti estes dias: um hotel tem de colocar sua diária em R$ 120, e pouco interessa se seu prédio implica em obras de fundações muito mais custosas que sua concorrência. O que mudará é que onde um concorrente terá seu retorno em 5 anos, digamos, outro, de prédio mais caro, o terá em somente 10 anos. A questão por trás disto será posição de mercado e fôlego para sustentar tal peso ao longo dos anos.

d)

Já vi citações de que somento o custo do projeto e suas tomadas de variáveis (sondagens, por exemplo) pode chegar a 1 bilhão de reais (como comparativo, li citações de que o projeto todo nos EUA beira os 58 bilhões de dólares, com custo de projeto de US$ 8 bilhões).

Destaquemos: dinheiro destes volumes sem nem se acentar um único dormente da obra final!

Vale a pena ler, com argumentações similares as minhas:



e)

Quando eu já acho que as coisas não podem piorar, escrevendo este artigo, sou pego por:

; Procuradora vê falhas no processo de seleção da concessionária que vai administrar a linha.

Tudo de pior está aí expresso, orçamento que cresce de 17 para 34 bilhões (se agora está com erros "a menor", que se diria na metade do valor) e destaco:

Faltam detalhes sobre as técnicas empregadas, a área atingida e a necessidade de realização de terraplanagem.

É de se perguntar, como já disse, o que raios estas pessoas tem na cabeça?

Quando estou escrevendo este "extra", sou pego pelas notícias de que o consórcio coreano já apresentou baixas de construtores nacionais:

Renée Pereira; Brasileiras podem deixar consórcio coreano do trem-bala; 25/11/2010

Vou dormir, e acordo com notas na rádio de que consórcios de outros países já abandonam também.

Bem analisados os cursos, muitas vezes a melhor maneira de realizar um negócio é não fazê-lo. - Eu mesmo, quando comecei a estudar estruturas de custos.

Um resumo recente da "tragédia": Os furos do trem-bala

Como fazemos por ironia em debates pela internet, repitamos:

É de se perguntar, como já disse, o que raios estas pessoas tem na cabeça? (2)

E é óbvio que o mundo sendo cruel como é, em especial no nosso país, ao terminar de escrever as linhas acima  leilão do bendito projeto foi adiado para abril de 2011:

Governo adia leilão do TAV para 'ampliar oportunidades'


Travestindo "completo caos, erros de todo tipo e inviabilidade" com "ampliar as oportunidades, ter um processo competitivo e ter uma participação mais forte do mercado e das opções tecnológicas". Coisa que a Economia, as Finanças e até o simples comércio ensina: as oportunidades só existem na viabilidade, e ninguém corre riscos com a certeza do prejuízo.
Conto já os dias para novas revelações maravilhosas do que esta gente tem na cabeça.

2)

Repetimos os erros que cometemos com a Bolívia no Equador?

Kelly Lima; Petrobrás deixa Equador e cobra indenização

Percebam o site que usei como referência e pensem no meu quase sádico prazer em ver erros se repetirem por pura idealização infantil de uma confiabilidade que não existe.


A história acontece como tragédia e se repete como farsa. - Karl Marx, em "18 Brumário de Louis Bonaparte".

3)

Jamil Chade; Brasil é o país com maior crescimento das importações desde o início do ano

De dezembro de 2009 a setembro de 2010 as importações cresceram 48%. Comparando setembro de 2010 com setembro de 2009, o crescimento já marca 43%.

Pouco adianta as exportações estarem subindo de dezembro de 2009 a setembro de 2010 de US$ 14,04 para 18,8 bilhões e apenas em outubro de 2010 já atingirem 18,3 bilhões, ainda sim, tal taxa de crescimento é menor que as importações e não exportamos valor agregado, e sim, matérias primas.[NOTA 2]

Logo, estamos nos desindustrializando.

Os EUA, o maior importador do mundo, teve crescimento de 14 % no período de dezembro de 2009 a setembro de 2010. Como sempre atormento meus amigos: pouco interessa para os estadunidenses se compram containers e mais containers de camisetas, tênis, sapatos, cuecas, etc. Basta venderem um jato 737, e a balança se equilibra. Basta colocarem capital na China, em empresas que vão vender as mesmas cuecas para, entre muitos, o Brasil. O mesmo se diga da Alemanha e suas máquinas de furar túneis. Até porque, triste sina, não haverá administrador que faça um operário americano colar sapatos o dia inteiro, nem uma alemã sentar em frente a uma máquina de costura.

Este é o dilema de páises pobres quando se desindustrializam: não possui escape direto para suas massas de operários. Os ricos, na verdade, solucionam um problema que já possuem.

O Brasil já é o país com maior superávit para os EUA, com a Europa a situação é similar, e o superavit histórico que apresentava desde 1999, zerou-se.

Lembrando discursos passados, o momento agora é lamentarmos, então, pedirmos liberdades em nosso comércio com os EUA (e Europa, óbvio), pois ao que parece, quem está ganhando com isso são eles.

Mas a armadilha também é tributária, e lembra a questão interna que já apresentei sobre a cristalização de nossos preços de combustíveis (ver O ônus da concentração tributária sobre o petróleo). Apenas a arrecadação com a importação de automóveis já subiu 190% nos dez primeiros meses do ano, logo, a queda da arrecadação da indústria naciuonal correspondente (e inúmeras outras) já reflete a desindustrialização.


4)

Verificando certas questões sobre o colapso do Banco Panamericano, primeiramente, o claro e indiscutível, é que aplicou-se um dos mais baratos truques de capitalização que existem, que é o inchaço de ativos, até pela sua manutenção como ainda existentes mesmo após uma venda, e tem-se de destacar, de seu valor obtido ter virado fumaça no caixa.

Sim, pois se vendi uma carteira de 1 bilhão, por exemplo, é de parecer óbvio que estou com 1 bilhão em caixa, ou partida dobrada similar.

Mas claro que não trata-se disto. Por exemplo trivial e "doméstico", vendi um apartamento, "cobri meus buracos", e vou ao banco com aquele bem ainda em minhas posses, e entro com um pedido de empréstimo com "a miragem de lastro".

Truque velho, fácil de se pegar.

Mas tenho suspeitas que pode haver bancos médios com outro tipo de truque mais elaborado.

Pego 1 milhão, coloco numa carteira com juros a serem lançados sobre as faturas de cartões que a farão chegar rapidamente a 2 milhões (para nosso juros que na Itália seriam automaticamente considerados agiotagem, nada mais banal de ser obtido).

Claro que contabilmente, esta carteira representa como ativos mais próximos da realidade, por meio de um coretor de digamos 60%, um valor de 1,2 milhões recuperáveis. Mas berro ao mundo que vale 2 milhões, lindos e floridos, plenamente recuperáveis, e insisto que se consegui dobrar tal valor, com capitalização de digamos mais uns 2 milhões, "obviamente", 4 obterei. E de 4 chegaremos ao 8, e do 8, 16...

O ganho está que se tomo 1 milhão, e enterro 900 mil numa carteira colapsante, reservo limpíssimos e divertidos 100 mil.

Nada mais que um sofisticado e bem maquilado esquema Carlo Ponzi (na Wiki en). Como todo golpe, estoura.

Sinto um cheiro de “carteiras problemáticas”. Mas pode ser apenas excessiva cautela.

Deixo aqui bem claro que apenas tenho temor de tal coisa, e alguns sinais podem mostrar que algo do tipo há na praça, e trato a coisa como boato, mas sabemos que certos dias chegam...

Mas o que não é boato, e tenderá ao caminho de sempre - em que certo dia chega... , é que o crescimento da máquina pública já aponta para mais 1300 cargos comissionados.



5)

Eu sinceramente, espero que seja uma mentira, pois verei-me obrigado a escrever enorme artigo sobre "custos acessórios que aceleram a marcha para a inoperacionalidade", mais tecnicamente, ou, no popular: "quando se está no aperto, não cava-se mais buracos!":



A História está repleta de déspotas irresponsáveis, até loucos, de insanas despesas. Castelo de Neuschwanstein, um dos diversas delírios de Ludwig II, da Bavária.

Números interessantes

  • O socorro à Irlanda é de 90 bilhões de euros. A exigência de cortes nos gastos será de 10% do PIB (15 bilhões de euros). Para salvar bancos a Irlanda usou 30% de seu PIB nos últimos 2 anos. Imaginemos o que será necessário tanto de valores quanto de sacrifícios em cortes nos gastos dos governos se vierem, como está sendo previsto, Portugal, Espanha, Itália e até mesmo a França pela frente. Como disse um conhecido, em papo informal, "o welfare state está falido".
  • Guido Mantega e a necessidade de R$ 60 bilhões para o BNDES: se tem de capitalizar-se, porque emprestou, e se emprestou, como vai ser capitalizado por meio de um estado que só pode produzir dívidas a um valor de juros maior que para o valor que pretende emprestar? Um típico cado de "Dilema de Tostines".
Tostines é mais vendido porque é fresquinho, ou é mais fresquinho porque é o mais vendido?
  • Meta de juros reais de 2% em substituição aos 5,5% atuais só será possível com o estado fazendo sua parte no controle da inflação, reduzindo seus gastos.
  • Nos EUA, o setor industrial já representa 17% do PIB e o de serviços 80%, por conta de uma política das grandes corporações de "exportar" o trabalho fabril e concentrar o controle e a pesquisa e desenvolvimento. Com este processo, beneficiam-se Honduras, Guatemala, Turquia, Tailândia, China, Indonésia, Polônia, Hungria, Vietnã, Índia, Brasil, etc.
  • O Brasil nos últimos 4 anos, importou US$ 124 bilhões em bens de capital, mas concentrado apenas em determinados setores, como cimento e celulose e derivados, Este valor é o dobro dos US$ 57 bilhões do período entre 2003 e 2006. A índústria de máquinas e equipamentos já reclama. Máquinas chinesas partiram de 2,1% do total para 12,3%,  com custo de 10 a 15% do valor brasileiro. Já há 44% de importados neste setor.
  • Mas já os exportadores internacionais de máquinas e equipamentos reclamam pois o Brasil mais e mais importa produtos acabados.
  • Estima-se que o país desperdiçou entre janeiro de 2004 e agosto de 2010 aproximadamente 15 bilhões de metros cúbicos de gás, equivalentes a R$ 7,4 bilhões, 11% do gás natural produzido. Como digo, sou um homem de números simples, e este desperdício já implica na base num custo adicional de pelos menos 12%.
  •  A China apresenta capacidade de produzir até 30 mil MWatts de energia solar até 2020.
  • Metas de inflação e de juros são incompatíveis em mercado já prevendo subida para 12% (já a 12,25%) no final de 2011 dos 10,75% de juros atuais.
  • Neste panorama, inflação ficaria em 5,17% em 2010 e 6,85% em 2011.
  • Celso Amorim afirma que os US$ 600 bilhões injetados pelos EUA vão contra os próprios EUA terem com o Brasil seu maior superávit. Isto pouco interessam pois os EUA não pautam sua economia pelas relações com o Brasil (que em termos mundiais não é nem 2% do comércio) e sim com o mundo todo, além do pequeno detalhe (percebam a ironia) de não se poder impedir os EUA de emitir sua moeda de forma alguma.
  • Portugal possui desemprego record de 10,8%
  • Já apresentamos déficit de balança comercial de US$ 663 milhões com compras de combustíveis e lubrificantes, equipam,entos mecânicos  e veículos.
  • Carne e cana-de-açúcar sobem, respectivamente, 13,7% e 1,65% pela demanda, Para o primeiro, inflação de demanda. Renda mais alta sempre implica em pratos melhores e mais cheios. Do o segundo, pressão no setor de combustíveis e em toda a cadeia do açúcar.
  • O TAV chegou a apresentar consórcio com 20 empresas, sendo 10 brasileiras e 10 estrangeiras.
  • Governo Lula não alcanço participação pretendida na indústria no PIB de 21%, chegando somente a 19%. As micro e pequenas caíram de participação nas exportações em 4% em 2009.
  • A elevação do gasto privado com pesquisa e desenvolvimento era de 0,65% e ficou em 0,5% do PIB.
  • As exportações brasileiras chegaram a 1,35%, acima dos 1,25% do comércio mundial, mas em produtos primários, como a soja e o minério de ferro. Já há notícias de o Japão está comprando minério de ferro brasileiro, pelo baixo custo e previsão de preços futuros, e o armazenando no mar.
  • Os investimentos em Pesquisa & Desenvolvimento de vários países:


Pode-se observar que os EUA ainda lideram com larga margem o volume de investimentos em P&D, e a China ainda encontra-se atrás do Japão.
  • A balança de pagamentos em outubro mostrou superávit de US$ 8,8 bilhões, contra 11,6 bilhões de setembro, com -20,2% na conta financeira. Ou seja, estamos comprando mais e tendo o volume de investimentos estrangeiros reduzido.
  • O Brasil gastou em 2010 US$ 160,1 bilhões em importações até a 3a semana de novembro, 43,9% mais do que no mesmo período de 2009. O valor exportado, US$ 175,4 bilhões, foi 30,8% maior uqe no mesmo período de 2009.
  • Mais de metade de nossas indústrias (55%) já importa; 34% entre as grandes companhias já importa máquinas e equipamentos; 66% das companhias importa matérias-primas; 23% já importa produtos acabados; 20% máquinas e equipamentos.
  • A importação de máquinas e equipamentos já se perturba com a situação do câmbio, pois a importação já responde por 65% do consumo brasileiro, se somado as máquinas e insumos.
  • Crédito já assinalou aumento de 20,3% nos 12 meses anteriores a novembro de 2010, já alcançlando 47,2% do PIB e deve terminar o ano a 50%.
  • O endividamento do brasileiro já é de 23,8%, maior que os 17% dos estadunidenses. O problema é ainda maior quando se observa a enorme diferença entre nossas rendas (US$ 47,7 mil contra 10,5 mil).
  • As famílias brasileiras pagaram juros de 40,4% ao anos, com prazos médios de 538 dias.
  • Mesmo com a proporção de pobres e extremamente pobres caindo de 54% para 33% e de 28% para 14, ainda 75% da população do Norte e Nordeste vive na pobreza e 50% da população rural ainda se define em situação de insegurança alimentar. (Estudos dos autores Antônio Márcio Buainain, Cláudio Dedecca, Alexandre Gori, Steven Helfand).
  • Estima-se que propriedades menores que 10 hectares tem valor de R$ 35 mil, com rendimento de R$ 108 por mês, e em Alagoas, R$ 15 e 7,5 mil, com rendimentos de R$ 16, e R$ 10, respectivamente. Ateñção, escrevemos dezesseis reais e dez reais, realmente.
  • O IGPM acumula em 10,56% ao ano. O IPCA é previsto em 5,8%.
  • A meta de 3,3% do superavit converge para 3,1%. Sem o caixa da Petrobrás, na sua capitalização, o superávit do governo foi de apenas R$ 7,71 bilhões em outubro de 2010, 31% abaixo de outubro de 2009. Mesmo com manobras como excluir a Eletrobrás, o governo não alcança sua meta de superávit, de 3,1% do PIB, alcançando 2,85%. Tal expansão dos gastos levará, inexoravelmente, a juros mais altos.Bancos já operam com análises próprias deste valor.
  • A previdência registrou saldo negativo de R$ 117,3 milhões.
  • Governo pretende reduzir para 40% a relação da dívida mobiliária federal e o PIB, que em outubro era de 44,6% num momento que reconhece que as taxas de juros estão aumentando.
  • O resultado primário do governo caiu de R$ 26 bilhões em setembro para R$ 7,7 bilhões em outubro.
  • O ganho líquido de R$ 31,9 bilhões em setembro foi proporcionado pela capitalização da Petrobrás que permitiu converter um déficit de R$ 5,9 bilhões em superávit de R$ 26 bilhões.
  • Em 2010 a folha de funcionários do governo federal subiu até outubro 9,4% amis que um ano antes.
  • De janeiro a outubro de 2009 o gasto com pessoal foi 18,4% maior que o igual período de 2008.
  • Embora a venda de carros já atinja 320 mil unidade mensais, a participação dos importados já chega a 20% deste valor.
O maior ladrão que este mundo jamais produziu é a procrastinação, e ainda vencendo com folga.
Henry Wheeler Shaw


Notas

[NOTA 1] Aqui, caímos no conceito de custos acidentais, que incluem os imprevistos mas com os quais tem de se contar até pela ironia da Lei de Murphy:

Se alguma coisa pode dar errado, com certeza dará.

Assim como no tempo, pela também ironia da Lei de Hofstadter:

É sempre necessário mais tempo que o previsto, mesmo quando se leva em conta a lei de Hofstadter.

Exemplificando com caso de engenharia, e pelo qual estão passando os suiços, ao cavar-se um túnel por sólido granito, pode-se encontrar uma imprevista região de fratura, ou formação de rocha mais frágil, ou infiltração de água, que eleva o custo daquele trecho de túnel em alguns bilhões, ou mesmo, o atraso puro e simples da obra, e como tempo sempre é dinheiro - logo custos...

Retornando a estas irônicas leis, pode se acrescentar a extensão da Lei de Murphy

Se uma série de acontecimentos corre mal, fá-lo-á na pior sequência possível.

Especialidades como a Lei de Johnson

Quando um aparelho mecânico falha, falha no momento mais inconveniente possível. 

Ou a lei da Gravidade Selectiva

Um objecto cairá sempre de forma a provocar o maior dano possível.

Ou ainda o muito mais complexo princípio Estendido de Epstein-Heisenberg

1.Se se sabe qual é a tarefa e se há um limite de tempo permitido para a completar, então não há maneira de saber quanto custará.

Finalizando, a mais típica na voz de nossos politicos:

A lei de Weiler

Nada é impossível para o homem que não tem de ser ele próprio a fazer as coisas.

Para ler uma coletânea destas ironias perversas:

As leis de Murphy

[NOTA 2]

Explico com um exemplo "micro": se tenho uma empresa - comercial, para simplificar a questão - que está tendo prejuízo, digamos de 10 mil reais por mês, em 100 mil reais de faturamento, pouco interessa se aumento meu volume de vendas em 30%, ou por valor, para 130 mil reais. Se tiver um aumento de despesas, ou mais especificamente, de compras com menor margem, poderei inclusive elevar meus prejuízos para 12 mil reais por mês.

Para a coisa clara, e em frios números, demonstro, e note-se que nem necessitei variar significativamente os custos fixos - e portanto não prejudicar a "mais-valia", nem o "pão de cada Alice falaciosa". Basta o clássico e imprudente "rasgar preço":

Q.E.D.


Como Alices confundem termos e conceitos, misturam variáveis por sua pregação, dou-me ao luxo de fazer o mesmo:

rockrigoli.blogspot.com

A situação se corrompe quando se corrompem os termos. - Karl Marx

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